Você não se ama nem um pouco?
Você não se ama de jeito nenhum. Mas quem você vai amar se não sabe quem você é? Desde muito jovem, você foi levado a acreditar — entre outras bobagens — que precisa se tornar uma pessoa importante para desfrutar de uma posição profissional prestigiosa e ganhar o máximo de dinheiro possível. E, como resultado de ficar sentado passivamente na sala de aula oito horas por dia, cinco dias por semana, com o tempo você permitiu que sua autoestima fosse emasculada e sua autoconfiança, destruída. Hoje em dia, pouquíssimas pessoas conservam a autoestima inata com a qual nasceram. É preciso muita inteligência e força interior para não se deixar corroer por dezessete anos pelo sistema educacional. Eu também fui corroído. Então, não vale a pena se culpar por isso. Nem vale a pena perder tempo procurando alguém para culpar. Se quiser se permitir alguns momentos de vitimização, reclame que você é vítima do momento histórico em que teve a sorte de viver. Você nasceu em uma sociedade que inconscientemente o programou para passar a vida negando a si mesmo, tentando se encaixar em um molde pessoal, familiar e profissional imposto por outros. Não me importa se as coisas estão indo bem para você externamente. Se você não for quem você é, e sim outra pessoa, o conflito interno continuará à espreita. Seu oponente é a pessoa que você deveria ser.
Dê um tempo para si mesmo!
Você se tornou um brincalhão que continua com as brincadeiras por tédio e inércia. E também por medo de decepcionar seu público. Mas, ao usar uma máscara por tanto tempo, você se esqueceu de quem é. Inconscientemente, construiu uma personalidade falsa para convencer as pessoas de que é digno do amor e da aprovação delas. Você é um ator, e a sociedade é o seu palco. No entanto, quanto mais você se identifica com o disfarce, mais se distancia da sua essência autêntica: e, consequentemente, mais difícil se torna conhecer a pessoa que você realmente é. Tendo se identificado com uma persona pré-fabricada, no fundo você sente que sua vida foi construída sobre uma fraude. Como você se trata? Você se julga? Você se menospreza? Você se preocupa? Se você tende a sentir muita raiva, tristeza ou ansiedade, significa que ainda está lutando. A "distorção" da sua verdadeira essência, a "autoexigência" e o "abuso mental" são uma carência de "aceitação". É uma dádiva que se desenvolve na medida em que você começa a se deixar em paz, cessando, ao mesmo tempo, de se forçar a se tornar alguém que você nunca será. Aceitar a si mesmo significa entender por que e com que propósito você é como é. Paradoxalmente, ao aceitar seu lado sombrio, ele se transforma, trazendo à tona a luz que existe dentro de você.
Conhecer a si mesmo não significa, de forma alguma, que você tenha que mudar ou ser uma pessoa melhor. O propósito deste processo pedagógico é aceitar a si mesmo exatamente como você é, com suas falhas e suas qualidades, integrando ao seu ser a luz e a sombra que coexistem dentro de você. Aceitar a si mesmo não significa desistir, conformar-se, ser indiferente ou ficar preso ao "Eu sou quem eu sou". Significa comprometer-se a identificar a raiz do seu sofrimento. Então, o que você fará para se tornar a melhor versão de si mesmo? Compreenda as motivações e razões que o levaram a ser como você é agora. No momento em que algo dentro de você "se encaixar", você experimentará um "orgasmo mental" que mudará radicalmente a maneira como você se vê. Durante três meses, sempre que se sentir desconfortável, pergunte-se: "O que é que eu não aceito?". A resposta mostrará que a raiz do seu desconforto reside na sua mente, na sua interpretação subjetiva e distorcida da realidade. Lembre-se todos os dias de que aquilo que você não consegue aceitar é a única causa do seu sofrimento. Como no início, você sentirá desconforto sempre que perceber que está causando desconforto a si mesmo. O desafio consiste em aceitar o fato de que você ainda não aprendeu a se aceitar, e que esse conhecimento é justamente o mais importante que você precisa adquirir na vida.
Ao cultivar sua inteligência interpessoal, a dor que você causa a si mesmo ao se relacionar consigo mesmo cessa.
Como Sêneca Salvou Minha Vida
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